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O SORRISO DE LEONARDO







Dissecar cadáveres
para buscar
a perfeita anatomia.
Libertar pássaros
nos mercados
da Itália renascentista.
Beleza clara
cabelos e barba
emaranhados
luz em desalinho.
Toga cor-de-rosa
levita na pele
suntuosa de gênio
-inocência serena-
Leonardo, in carbon,
copiando a própria beleza,
em sorrisos negados.
Sorriso de Leonardo
inauguraria um novo sol
aplacaria o brilho do astro.
-seu sorriso imaginado
seus quadros incendiados-
nos conduzem enquanto
vamos dissecando o verbo
com fúria encantada
Desejo leonardiano
de libertar o poema
e revelar a musculatura
exata de cada palavra.

Bárbara Lia

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Bem-te-vi

. Ramagem arranha janela. Sonho:Aeroporto fantasma. Espíritos de náufragos do Titanic. Ku Klux Klan ateando fogo ao enforcado. Sequência horripilante: A mulher sem olhos na cama, entre lençóis úmidos de chuva. Acordo com o bem-te-vi na manhã de sol na mesma paisagem. Bárbara Lia  in  O sorriso de Leonardo imagem: Edvard Munch

O sorriso de Leonardo - Bárbara Lia

"O sorriso de Leonardo", meu primeiro livro publicado conta com pouquíssimos poemas em um diálogo com Leonardo Da Vinci e com a vida ao redor. Evoca o crepúsculo que Lezama Lima trouxe ao falar de um poeta de Cuba (Zenea), em seu livro Paradiso. Fala das mulheres livres... Mar & Voos. "O sorriso de Leonardo" foi publicado em 2004 - formato de livro de bolso - com 14 Poesias - pela Kafka Edições Baratas.

MAÕS DE ABRIR NUVENS

Leonardo Da Vinci - Estudo de mãos femininas . Ter mãos de abrir nuvens Romper o velcro de baunilha E espiar Dentro a catedral Dos sonhos Um rito de encanto Crianças e lagos E mapas emaranhados A Sexta Avenida Deságua no Eufrates E as barcas cruzam De Bagdad ao Mojave As mãos se enlaçam Negras brancas Amarelas azuis. Ter mãos de abrir nuvens Descobrir a alma de neve E perfume Que se fazem Pássaros Camelos Bailarinas. Quem possui mãos de abrir nuvens? Quem rega pedras E pesca pássaros Em tempestades E ancora no alto Da montanha mais alta Suas caravelas. Quiçá Penélope, Sem manto, grilhões e espera. A abrir nuvens Além da torre de concreto Em pleno azul Entre a brancura espumada. Mãos de mulher livre A abrir o velcro Da humanidade encantada. Bárbara Lia O sorriso de Leonardo páginas 6/7