Skip to main content

O SORRISO DE LEONARDO







Dissecar cadáveres
para buscar
a perfeita anatomia.
Libertar pássaros
nos mercados
da Itália renascentista.
Beleza clara
cabelos e barba
emaranhados
luz em desalinho.
Toga cor-de-rosa
levita na pele
suntuosa de gênio
-inocência serena-
Leonardo, in carbon,
copiando a própria beleza,
em sorrisos negados.
Sorriso de Leonardo
inauguraria um novo sol
aplacaria o brilho do astro.
-seu sorriso imaginado
seus quadros incendiados-
nos conduzem enquanto
vamos dissecando o verbo
com fúria encantada
Desejo leonardiano
de libertar o poema
e revelar a musculatura
exata de cada palavra.

Bárbara Lia

Popular posts from this blog

Sopro de Deus

Sopro de Deus Sigo distraído e breve - piedade na alma, opulência no calabouço. Sigo sereno, neblina me abraça. Meu corpo um jarro de esperanças. O amor - única navalha que me corta. Aprendi que somos sopros de Deus - instantes. in  O sorriso de Leonardo - Bárbara Lia (2004) p. 18 O sorriso de Leonardo

Asas de Leonardo

Rodrigo de Souza Leão realizou a entrevista publicada no site Germina: http://www.germinaliteratura.com.br/pcruzadas_abril.htm (pequeno fragmento) RL - O que nunca virará poesia? BL - O ódio, a barbárie, a prepotência. Não dá para poetizar isto. Mas o que este mal produz, acaba sendo registrado em versos, sim. Li os poemas de Mahmoud Darwich, poeta palestino que vive em Ramallah. A literatura tem este poder, a poesia, fundamentalmente, de falar com beleza da própria tragédia. Mesmo que seja aquele confronto que eu disse há pouco, mesmo que seja uma luta do poeta, uma indignação, um protesto. Por isto eu creio que a poesia está em toda a parte, e se perpetua quando um olhar capta o instante do poema e o registra.

CHIAR(O)SCURO

The virgin and child whit St Ane and S. John Hora suspensa. Horizonte de sangue. Despediu-se o sol, não brilha a lua. Barcas estremecem em marés de fogo. Sinos dobram a Ave-Maria. O Bem chora a evaporação do dia. Lágrimas de anjos pela humanidade crua. Encontro e fuga de almas no ocaso, Bebendo o sangue solar – poção De luz para os dias de aço. Crepúsculo incendiado. Átimo de esperança: Um Serafim alado, Flauta de estrelas flana acima de algas e corais. Toca a música divina estremecendo cristais. (Jazz, blues, salsa cubana, sinfonia?) Som azul unindo sangue celeste e marinho. Serafim, flauta e sol Evaporam em silêncio de prece. A branda noite abraça o arrebol. O eco da flauta aos puros adormece. Bárbara Lia O sorriso de Leonardo