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Showing posts from June, 2009

MAÕS DE ABRIR NUVENS

Leonardo Da Vinci - Estudo de mãos femininas . Ter mãos de abrir nuvens Romper o velcro de baunilha E espiar Dentro a catedral Dos sonhos Um rito de encanto Crianças e lagos E mapas emaranhados A Sexta Avenida Deságua no Eufrates E as barcas cruzam De Bagdad ao Mojave As mãos se enlaçam Negras brancas Amarelas azuis. Ter mãos de abrir nuvens Descobrir a alma de neve E perfume Que se fazem Pássaros Camelos Bailarinas. Quem possui mãos de abrir nuvens? Quem rega pedras E pesca pássaros Em tempestades E ancora no alto Da montanha mais alta Suas caravelas. Quiçá Penélope, Sem manto, grilhões e espera. A abrir nuvens Além da torre de concreto Em pleno azul Entre a brancura espumada. Mãos de mulher livre A abrir o velcro Da humanidade encantada. Bárbara Lia O sorriso de Leonardo páginas 6/7

O SORRISO DE LEONARDO

Dissecar cadáveres para buscar a perfeita anatomia. Libertar pássaros nos mercados da Itália renascentista. Beleza clara cabelos e barba emaranhados luz em desalinho. Toga cor-de-rosa levita na pele suntuosa de gênio -inocência serena- Leonardo, in carbon, copiando a própria beleza, em sorrisos negados. Sorriso de Leonardo inauguraria um novo sol aplacaria o brilho do astro. -seu sorriso imaginado seus quadros incendiados- nos conduzem enquanto vamos dissecando o verbo com fúria encantada Desejo leonardiano de libertar o poema e revelar a musculatura exata de cada palavra. Bárbara Lia

Sopro de Deus

La scapigliata - Leonardo Da Vinci Sopro de Deus Sigo distraído e breve - piedade na alma, opulência no calabouço. Sigo sereno, neblina me abraça. Meu corpo um jarro de esperanças. O amor - única navalha que me corta. Aprendi que somos sopros de Deus - instantes. in O sorriso de Leonardo - Bárbara Lia (2004) p. 18 O sorriso de Leonardo

Asas de Leonardo

Rodrigo de Souza Leão realizou a entrevista publicada no site Germina: http://www.germinaliteratura.com.br/pcruzadas_abril.htm (pequeno fragmento) RL - O que nunca virará poesia? BL - O ódio, a barbárie, a prepotência. Não dá para poetizar isto. Mas o que este mal produz, acaba sendo registrado em versos, sim. Li os poemas de Mahmoud Darwich, poeta palestino que vive em Ramallah. A literatura tem este poder, a poesia, fundamentalmente, de falar com beleza da própria tragédia. Mesmo que seja aquele confronto que eu disse há pouco, mesmo que seja uma luta do poeta, uma indignação, um protesto. Por isto eu creio que a poesia está em toda a parte, e se perpetua quando um olhar capta o instante do poema e o registra.