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CHIAR(O)SCURO

The virgin and child whit St Ane and S. John

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Hora suspensa. Horizonte de sangue.
Despediu-se o sol, não brilha a lua.
Barcas estremecem em marés de fogo.

Sinos dobram a Ave-Maria.
O Bem chora a evaporação do dia.
Lágrimas de anjos pela humanidade crua.


Encontro e fuga de almas no ocaso,
Bebendo o sangue solar – poção
De luz para os dias de aço.

Crepúsculo incendiado.
Átimo de esperança: Um Serafim alado,
Flauta de estrelas flana acima de algas e corais.

Toca a música divina estremecendo cristais.
(Jazz, blues, salsa cubana, sinfonia?)
Som azul unindo sangue celeste e marinho.


Serafim, flauta e sol
Evaporam em silêncio de prece.
A branda noite abraça o arrebol.

O eco da flauta aos puros adormece.
Bárbara Lia
O sorriso de Leonardo


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Bem-te-vi

. Ramagem arranha janela. Sonho:Aeroporto fantasma. Espíritos de náufragos do Titanic. Ku Klux Klan ateando fogo ao enforcado. Sequência horripilante: A mulher sem olhos na cama, entre lençóis úmidos de chuva. Acordo com o bem-te-vi na manhã de sol na mesma paisagem. Bárbara Lia  in  O sorriso de Leonardo imagem: Edvard Munch

O sorriso de Leonardo - Bárbara Lia

"O sorriso de Leonardo", meu primeiro livro publicado conta com pouquíssimos poemas em um diálogo com Leonardo Da Vinci e com a vida ao redor. Evoca o crepúsculo que Lezama Lima trouxe ao falar de um poeta de Cuba (Zenea), em seu livro Paradiso. Fala das mulheres livres... Mar & Voos. "O sorriso de Leonardo" foi publicado em 2004 - formato de livro de bolso - com 14 Poesias - pela Kafka Edições Baratas.

MAÕS DE ABRIR NUVENS

Leonardo Da Vinci - Estudo de mãos femininas . Ter mãos de abrir nuvens Romper o velcro de baunilha E espiar Dentro a catedral Dos sonhos Um rito de encanto Crianças e lagos E mapas emaranhados A Sexta Avenida Deságua no Eufrates E as barcas cruzam De Bagdad ao Mojave As mãos se enlaçam Negras brancas Amarelas azuis. Ter mãos de abrir nuvens Descobrir a alma de neve E perfume Que se fazem Pássaros Camelos Bailarinas. Quem possui mãos de abrir nuvens? Quem rega pedras E pesca pássaros Em tempestades E ancora no alto Da montanha mais alta Suas caravelas. Quiçá Penélope, Sem manto, grilhões e espera. A abrir nuvens Além da torre de concreto Em pleno azul Entre a brancura espumada. Mãos de mulher livre A abrir o velcro Da humanidade encantada. Bárbara Lia O sorriso de Leonardo páginas 6/7